Foto: Ricardo Stuckert
A desaprovação ao trabalho do presidente Lula (PT) caiu para 51%, enquanto a aprovação subiu para 46%, aponta a nova rodada da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (20). O movimento, atribuído à queda da inflação dos alimentos e à reação do mandatário ao tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos, levou a diferença entre avaliações negativa e positiva ao menor nível de 2025.
“A melhora na aprovação do governo Lula em agosto resulta da combinação de fatores econômicos e políticos. De um lado, a percepção de queda no preço dos alimentos trouxe alívio às famílias e reduziu a pressão sobre o custo de vida. Do outro, a postura firme de Lula diante do tarifaço imposto por Donald Trump foi vista como sinal de liderança e defesa dos interesses nacionais“, explicou o CEO da Quaest, Felipe Nunes.
Este é o menor índice de desaprovação desde janeiro, quando houve empate técnico (49% x 47%). Em maio, o pico negativo havia sido de 17 pontos. Confira os números atuais:
Aprova: 46% (eram 43% em julho)
Desaprova: 51% (eram 53%)
Não sabe/não respondeu: 3% (eram 4%)
A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada presencialmente entre 13 e 17 de agosto, com 2.004 entrevistas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
Onde Lula ganhou (e ainda perde)
O avanço positivo foi mais expressivo entre quem ganha até dois salários mínimos, eleitores com ensino fundamental, católicos, pessoas com mais de 60 anos e moradores do Nordeste — segmentos que haviam registrado empate técnico na rodada anterior.
Regionalmente, São Paulo chama atenção: a aprovação subiu de 29% para 34%, enquanto a desaprovação caiu de 69% para 65%. Ainda assim, o estado permanece como terreno adverso, a exemplo de RJ, MG, PR, RS e GO, onde a rejeição continua majoritária. Já na Bahia e em Pernambuco, Lula voltou a ser mais aprovado.
Entre os homens, a rejeição segue maior que a aprovação, mas a diferença, que chegou a 20 pontos em maio, caiu para 9. Já entre os que votaram em branco/nulo ou não votaram em 2022, a desaprovação recuou de 61% para 57% e a aprovação subiu de 31% para 39%, reduzindo a distância de 30 para 18 pontos.
Nestes segmentos, a margem de erro específica varia entre 3 e 8 pontos percentuais.
Por que o “tarifaço” puxou a alta
A leitura central desta rodada é que o confronto tarifário com os EUA, que impôs sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros desde o início de agosto, reorganizou o ambiente de opinião.
Nesse cenário, 71% dos entrevistados avaliam que Donald Trump errou ao impor tarifas ao Brasil; 64% dizem que o tarifaço vai encarecer alimentos; e 48% consideram que Lula e o PT estão fazendo “o mais certo” no embate.
Além de enxergar motivações políticas por trás da medida (51%), os eleitores também apontam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como mal avaliados na condução do tema (55% cada). Já 77% afirmam que as tarifas vão prejudicar suas vidas.
A maioria (67%) defende a negociação com os EUA, contra 26% que preferem retaliar com taxação.
Neste recorte, a margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Avaliação geral do governo
Na avaliação geral do governo, houve melhora na percepção positiva:
Positivo: 31% (eram 28% em junho)
Negativo: 39% (eram 40%)
Regular: 27% (eram 28%)
Não sabe/não respondeu: 3% (eram 4%)