Chengdu J-10 – Divulgação
Há dois ciclos de influência externa sobre o Exército brasileiro. O primeiro, foi a influência francesa, iniciada com a Missão Militar Francesa, de 1919, e que vai até 1940.
O segundo, a influência norte-americana, que se inicia em 1940, em um acordo pelo qual o Brasil cedeu bases do nordeste em troca de equipamentos militares e treinamento aos oficiais da FEB (Força Expedicionária Brasileira).
Ao longo das décadas, as Forças Armadas brasileiras se tornaram cada vez mais dependentes do Pentágono.
Remonta a 1952 o Acordo de Assistência Militar firmado com os EUA, prevendo o fornecimento de armas e treinamento nos EUA. Foi denunciado em 1977 pelo general Ernesto Geisel, um claro adversário dessa submissão.
Em 2010, ambos os países assinaram o Defense Cooperation Agreement, ampliando a cooperação em logística, pesquisa, aquisição de produtos de defesa, e o General Security of Military Information Agreement (GSOMIA), para troca segura de informações militares secretas.
Nos estertores do governo Dilma, ela e Barack Obama assinara o Defense Industry Dialogue (DID) para promover encontros com empresas brasileiras e americanas para identificar parcerias e atrair investimentos no setor de defesa.
O Brasil passou a enviar oficiais‑generais para unidades dos EUA (como Major General no comando do COMUSSOUTH), valorizando o intercâmbio militar e a interoperabilidade e ampliando a dependência.
O que importava – transferência de tecnologia – mal ocorreu.
Em 2020, por exemplo, a Avibras chegou a entabular conversas com oficiais norte-americanos, na rodadas do Diálogo da Indústria de Defesa Brasil-EUA, mas a transferência de tecnologia foi limitada por questões de controle de exportações dos EUA, com base no ITAR, um dos principais instrumentos legais de controle de armas e tecnologia sensível dos EUA.
É nesse quadro que ocorreram as reuniões setoriais com a China, desde fins do ano passado, já dando os primeiros frutos.
Em junho de 2025, um decreto do presidente Lula, oficializou – pela primeira vez na história – a presença de oficiais-generais, um do Exército, outro da Marinha, residindo permanentemente em Pequim.
Além disso, houve um fortalecimento do programa espacial CBERS (satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres). O CBERS 5 está em planejamento e acordos recentes incluiram cooperação em energia nuclear civil, inteligência artificial aplicada à agricultura, biotecnologia, sustentabilidade e infraestrutura.
Além disso, a China ofereceu os seguintes armamentos ao Brasil:
Tanque de batalha principal VT-4.
Veículo de combate de infantaria VN-20, que permite transporte armado de tropas.
Obuseiro autopropulsado, capaz de usar munição padrão OTAN, com alcance de até 53 km com munição V‑LAP assistida por foguete e taxa de disparo de ~4 tiros/min
Caça Chengdu J-10, como alternativa suplementar ao sueco Gripen.
Com essa abertura, sem necessariamente se alinhar com a China, o país poderá explorar a competição e ganhar gradativamente autonomia bélica.